O discurso de ódio e a banalização da violência foram fatores determinantes para o que aconteceu na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), na manhã desta quarta-feira (13). Essa é a análise da psicóloga do Conselho Regional de Psicologia do Paraná, Semíramis Vedovatto.
Segundo ela, o ataque que deixou 10 mortos e 9 feridos na escola é um reflexo da ideia de que “a violência e as armas são soluções para os problemas”. “Nós temos que observar como o discurso de ódio pode refletir em um adolescente, que ainda está com o processo cognitivo e emocional em formação. Especialmente em alguém que já tenha sinais claros de que passa por problemas emocionais ou possui transtorno mental”, afirmou ela em entrevista à Banda B.
Guilherme Monteiro postou fotos com arma antes do ataque. (Foto: Reprodução/Facebook)
Os dois atiradores, que se mataram logo após o ataque, foram identificados pela polícia como Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25. Ambos eram ex-alunos do colégio.
“Nós ainda sabemos pouco sobre o relacionamento deles com a escola, mas segundo os relatos, a princípio não havia denúncias de bullying das quais eles seriam vítimas. O que foi repassado é que o adolescente tinha um discurso ligado à violência, como se ela fosse a resolução dos conflitos, e à valorização de armas”, completou.
Escolhas não foram por acaso
Para Semíramis, todos os elementos usados no ataque, desde a vestimenta até o uso da besta (artefato com arco e flecha), foram escolhidos com cuidado. “O tipo de roupa, remetendo ao ataque de Columbine [que terminou com 15 mortos nos Estados Unidos em 1999], o uso da besta que lembra o filme ‘Precisamos Falar sobre Kevin’, que também conta a história de um menino que mata colegas na escola… Tudo isso passa um recado de violência, de banalização”, comentou.
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